28 setembro 2009

"nada se cria, tudo se copia" ou como fazer um portal

durante os anos 90, a propagação dos computadores fez surgir um personagem que seria o "arqui-inimigo" das gerações de designers seguintes: o micreiro. por definição, o micreiro seria aquele jovenzinho que sabia muito de CórelDrau e nada de design mas que fazia sua "logomarca" por precinhos módicos.

com o passar do tempo aprendi a não temer o micreiro, afinal, há espaço para todos nesse mundo capitalista e democrático: se o empresário se dá por satisfeito com uma "logomarca", eu, cliente, não me dou por satisfeito com produtos com péssima apresentação. aquela coisa "compro livro pela capa" mesmo. e aí, aos poucos, vi propagar de baixo para cima, esse clichê que inicia o tópico. fosse pela correria do dia-a-dia, por exigência do cliente, pela falta de instrução dos envolvidos ou pela ignorância total do público o "tudo se copia" ganhou força e virou regra. a internet também contribuiu com a sensação de que tudo que está lá "é de graça e pode pegar".

mas eu penso em como isso afeta o (nosso) design a longo prazo a medida que temos um público cada vez mais ignorante, menos exigente, menos consciente e menos familiarizado com o que é bom: bom conceito, bom design, bom produto.

pois o novo portal do grupo record, o R7, é o exemplo mais recente dessa infâmia. para atrair seu nicho de mercado ele se nivela por baixo copiando sem o menor pudor seu maior concorrente. e copia mal. minha primeira impressão foi: PQP mas é igual ao G1.

grid. grid, que isso?
apesar de ser semlhante ao g1, tive a sensação de que o r7 é bagunçado, tudo parece jogado. então reparei que a grid é confusa. as vezes nem parece que tem.

enquanto o g1 trabalha com 2 colunas, o r7 começa
com 2, vai pra 3, pra 4 e depois volta pra 3.

quantidade de informação
naturalmente a quantidade de informação disposta num portal é muita. é preciso muito jogo de cintura para deixar a navegação leve e atrativa. a solução encontrada por diversos portais é a separação de assuntos e destaques através de boxes e linhas. nesse momento do site o excesso de cores e a falta de separação dos assuntos dá a impressão de que tudo está entulhado.


"nada se cria"
é claro que sou a favor da livre concorrência e contra o monopólio de informações e conteúdo. mas desde que isso seja feito com ética. simplesmente copiar os outros me dá a impressão de que estamos falando daquele vizinho invejoso que compra um carro igual ao seu, usa decoração de natal igual a sua ou dá o mesmo nome do seu fiho ao cachorro.

no twitter buscando por R7, vejo os elogios são pouquíssimos comparados a criticas negativas por lembrar demais o concorrente. gostaria muito que a competição globo x record fosse saudável para todos nós, acrescentando opinião para formar opinião. mas infelizmente não posso ser a favor desse tipo de prática que só diminiu a qualificação profissional do mercado e da avaliação critica do público.

Um comentário:

Dona Mila disse...

"(...) ou dá o mesmo nome do seu filho ao cachorro." -> excelente...

Amo isso aqui. Sou muito fã. Um dia ainda terei recursos pra te contratar pra fazer até o bloquinho de recados que fica ao lado do telefone aqui de casa. :)

Beijos, sumido!